terça-feira, 22 de agosto de 2006

A Princesa de Zamunda


Durante todo o tempo que estivemos no portao fazendo o voo de Chicago, esteve sentada nas cadeiras em frente uma senhora africana. Sem sapatos sem bagagem de mao, roupa típica, turbantao, ficou lá o tempo todo cochilando, alheia `a quem passasse.
Terminamos o voo, achei melhor perguntar se ela precisava de alguma ajuda, pra onde ia, se estava esperando alguém.
-Bom dia, minha Sra, para onde a Sra, viaja hoje?
-Makukele Tokakalamakure
O que é que se faz diante de uma resposta dessas?
-A Sra, nao tem bagagem de mao?
-Hakuna Matata*
-Tá,tá!!! Tíquete, passagem, a sra tem?
Nessas alturas já falava em portugues mesmo, que afliçao ,ela nao entendia UMA única vírgula do que eu estava falando, entao lá fui eu mimicar no meio do corredor, desenhei um passsaporte e ela bem feliz me aprsentou um.
-Mas pra onde a Sra vai? Tem uma passagem?
Nao havia meios de ela me entender, nem pulando,desenhando, de jeito nenhum, ela tinha passaporte da Zambia, ao meu lado minha amiga Jennifer que é do Quenia disse que nem adiantaria procurar por alguém porque sao tantos os dialetos que achar alguém que falasse exatamente "aquilo" seria praticamente impossível.
-Olha Carla, ela nao se parece com a princesa de Zamunda?
-Com quem? Ela nao é da Zambia?
-Deixa de ser boba, Zamunda nao existe, é que eu me lembrei daquele filme com o Eddie Murphy , um príncipe em Nova York ele era de Zamunda nao era?
Ficamos ali as duas paradas sem saber o que fazer com a nossa "princesa de Zamunda", nem sei se ela precisava de fato que nós fizessemos algo com ela.
Abri o passaporte e me dei conta de que no lugar da assinatura havia uma impressao digital. Meu D-us ela nao sabia ler, imagina uma pessoa perdida num dos maiores aeroportos do mundo sem saber ler e sem poder se comunicar, e o engraçado é que ela ficou ali todo o tempo sentada bem quietinha, se fosse eu teria no mínimo me jogado no chao, babado ou me decabelado, se nao tudo ao mesmo tempo.
Como ela nasceu em uma cidade e o passaporte foi tirado em outra, apontei pra ela os nomes das cidades com a esperança de que ela iria pra uma das duas, mas ela nao me entendeu.
Sem mais o que fazer levamos ela até a polícia, a coitadinha colocou os chinelos e nos acompanhou cheia de sorrisos. Explicamos a situaçao pra policial que ficou tao sem açao quanto nós.
No passaporte tinham um visto para os EUA e um carimbo de que ela havia estado em Nova York, era mesmo a princesa de Zamunda.
Deixamos ela lá com a policial e demos tchauzinho, nao havia mais o que a gente pudesse fazer por ela, ela nos deu tchau com a mao, toda sorridente.
-Makakos kagarakakulé
-Imagina, o que é isso, nao foi nada nao, disponha.
-Kurugulo Takukoko Makulele
-Ah, pra Sra. também e boa viagem,seja lá pra onde a Sra. for.

3 comentários:

Anônimo disse...

Tá aí uma história que eu gostaria de saber o fim...

Anônimo disse...

Estou com a Carina,pergunte o que aconteceu ,e venha nos contar????

Anônimo disse...

Eu AMO esse filme, pena que não tenha mais o dvd para vender porque é ótimo. A calma dela foi impressionante mesmo.