terça-feira, 24 de março de 2009

Traumas de infância



Tava eu aqui de bobeira e pés destruídos depois de um final de semana "pauleira" por conta da festa de aniversário da Gaby (posto depois com detalhes), de pés pra cima na salinha de TV ao telefone com uma amiga de longuissíma data. Já nem sei mais porque nós acabamos caindo num papo de como a gente apanhou quando era criança. Gente eu apanhei pra caramba e ela também (fiquei sabendo disso só hoje), ela ainda se considera felizarda por nunca ter apanhado de cinta, eu sou a própria criatura infeliz porque apanhei horrores de cinta e como dizia minha mae que aliás nao me batia só beliscava, apanhei mais do que mala velha pra largar o pó!
-Porque será que a gente apanhava tanto cara?
-Sei lá, eu só sei que eu apanhava mas fazia de novo, me lembro de apanhar mais de uma vez pelo mesmo motivo você nao? Eu fui super reincidente...


-Eu também, porque será que a gente fazia de novo hein? Já sabia que ia apanhar pô!
-Carla, eu acho que é porque a gente nao é cachorro sabe? Cachorro apanha e aprende.
-E você já apanhou tipo assim, de que, como?
-Pô Carla, tomei até uns chutes na bunda, no carro eu me sentava quase sempre atrás do meu pai porque aí a mao dele nao chegava lá...
No nosso tempo os pais batiam, fato. Rara a criança que nao tomava palmadas, era quase um alien na turma (Alex apanhou UMA vez e nunca se esqueceu, é definitivamente um alien). Alguns de vara, outros de chinelo, cinta e no pior dos casos o primeiro objeto ao alcance das maos ou das maes; li uma vez numa comunidade no Orkut o relato de uma garota que apanhou de "gato", a mae na hora da raiva tacou o gato em cima da pobre da menina. De gato nao apanhei nao e olha que em casa tinha um tanto deles, mas de cano, de chinelo e de cinta....

-Poxa Carla a gente tinha que ir pra cama na hora certa e ai da gente se respirasse mais alto, a gente nem se atrevia, nao é nao?
-É, a gente nao podia ter sede, e dava uma baita sede, a gente lá deitada no escuro olhando pro teto, esperando o sono chegar, como era chato....
-Sempre me botavam na cama na hora das notícias.
-Peguei trauma do Jornal Nacional, eu sempre tinha que estar na cama a essa hora, uma vez eu fugi e fiquei embaixo do sofá da sala e ouvi os meus pais comentando que o Wesley tinha morrido, fiquei com um putz medo, Wesley era o filho de uma amiga da minha mae (nunca mais conheci um Wesley na minha vida) e nao queria voltar pra minha cama, saí debaixo do sofá chorando e me entreguei, me declarei culpada, mas a minha mae ficou com pena e nem me bateu, me disse que nao era o Wesley que tinha morrido era o "Elvis Presley", aquilo me deu um alívio enorme eu nem sabia quem era aquele cara mesmo, ainda bem que o Wesley continuava vivo.
Aí a gente se lembrou duma piada e caiu na gargalhada...

-Mae posso pegar um copo d´agua?
-Fica quieto e dorme menino.
-Mas mae tô com sede.
-Nem mais um pio.
-Pô mae deixa eu pegar um copo d´agua?
-Se você nao se calar agora eu vou aí te bater!!!
-Mae? A hora que você vier aqui me bater me traz um copo d´agua?

Juliana que estava perto de mim no computador no MSN, olhou pra mim horrorizada.
-Credo mae que papo, que horror, e você acha graça? Que infância tenebrosa!!!
-Ah nao Ju, num era nao, ser criança as vezes era chato mesmo, mas quase todo mundo apanhava, era normal, e depois eu abri a cabeça do meu irmao com um vidro de Pinho Sol (acho que foi por isso que mudaram a embalagem pra plástico), e lógico, apanhei, mas eu fui uma criança feliz sim, pode acreditar.

12 comentários:

Ana disse...

Cascalho....a gente podia fazer um stand up comedy judeu. Iamos ser as novas irmãs Marx!! ahuahuahuah

Eu apanhava, reincidia e rereincidia, pq ainda por cima era respondona e tinha uma língua afiada pra cacete...ahuahauhuahuah

Beijoooo

Unknown disse...

Olha, pelo q vcs contam eu apanhei foi pouco! mas as surras foram inesquecíveis, tanto q eu jamais reincidia no mesmo crime... claro sempre alguma coisa diferente, q ainda nao fosse proibida... Quer saber, acho mesmo q os meus pais tinha razao em cada uma das palmadas, incrivel como a gente nao fica com raiva disso, porque sabe mesmo q tinha culpa no cartório!!! Tenho o maior carinho pelos meus pais e agradeco a Deus a educacao que me deram. já hoje em dia... a coisa tá difícil, bons tempos aqueles e ai q saudade da infancia que dá, nao é?
bjs

Sergio disse...

Eu tb apanhei bastante e fui reincidente. Minha mãe adorava os beliscões em lugares publicos. Minhas irmãs ficavam quietinhas; eu já fazia escandalo e todo mundo sabia que ela tinha me beliscado e ela ficava ainda mais furiosa. meu pai não batia muito mas quando ele vinha pro meu lado com uma das mãos pra tras eu ja sabia que a cinta ia cantar. Certa vez eu me ajoelhei e implorei pra que ele não batesse; foi tão dramatico que ele ficou com pena. Já o Sergio nunca apanhou; um verdadeiro ET. Certa vez a mãe dele jogou um chinelo na parede e sem querer o chinelo bateu na irmã dele e foi o maior escandalo. Eles contam esta história como se tivesse sido um ato de grande violencia,rs.
Quanto à sede na hora de dormir, todo dia as crianças pedem agua. Agora eu já os levo pra cama e antes de apagar a luz e já entrego a água.

Anunciação disse...

Pior fui eu que apanhava sem culpa,sério,rs.Pra não ficar rindo dos outros.E eu nem ria dos irmãos e irmãs apanharem,aliás ficava horrorizada.Fala sério,não tenho noticia de nenhum de nós que tenha ficado com ódio dos pais por isso ou virado uma pessoa malvada por ter apanhado.

Jaboticaba Preta disse...

Pode me incluir nesse clube de infância tenebrosa.... A surra inesquecível foi ter apanhado de mangueira!! Eu ri pq meu irmão estava sendo punido (nem si o porque).As marcas duraram dias...

Amanda disse...

Guten tag Carla!
Entao, estava lendo seu reply no blog da Libanesa, eu nao tenho medo de judeu nao! Muito pelo contrario.. eh que a a situacao foi bem esquisita, sabe? Imagina uma tripulacao inteira "arabe" passando na frente de um grupo "israelense", bem na epoca que a situacao estava complicada em Gaza.. sabe, o estereotipo todo? entao.

Fora isso, eu tenho profundo respeito por todas as pessoas que seguem uma religiao tao imporante como o judaismo (assim como o cristianismo e o islam, que foi a minha escolha)

Um beijo, fica com Deus!
(adorei seu blog! vou voltar aqui sempre)

Cristiane Figueirêdo disse...

o meu pai falou q qd a minha vó batia em um, td mundo apanhava.eram uns onze filhos...lá em casa as surras foram diminuindo do mais velho até o mais novo. mas eu não sou adepta d chinelão, não.

Cristiane Figueirêdo disse...

Oh Carla, a cultura judaica gosta ou gostava de um chinelão, ou isso não tem na da a ver ?

Abs, Criss

Ciça Donner disse...

Mana, se apanhando n´so já é assim, imagine se nao tivesse apanhado!!!

Meu irmao relata ter apanhado de fio eletrico... minha mae nega... eu nao lembro... mas de colher de pau.... uuuiii

Unknown disse...

Gente, amei saber como vcs apanharam e q tb apanharam!!
Cristiane, pra falar a verdade sei nao se a cultura judaica era fa de um chinelo nao, meu pai era alemao e era bem rígido, acho q os pais antigamente eram mais rígidos,
Td mundo apanhava na minha época...
BjoS!!!

Unknown disse...

Oi Amanda, obrigada pela visita, imagino que a situaçao tenha sido meio bizarra mesmo, eu achava engraçadíssimo quando o check-in da EL AL ficava praticamente em frente ao da Iran Air, aqui no aeroporto de Frankfurt, nao tinha quem nao olhasse e a cara dos passageiros era a melhor e nem sempre das mais amigáveis de ambos os lados, me divertia...
Beijos!!

Luciana disse...

Até os 11 anos, em casa, tinhamos que dormir depois de I love Lucy, que passava no SBT. Ou seja, nao viamos nem a vinheta do Jornal Nacional. Era jantar, escovar os dentes muito bem escovados por sinal e deitar pra (tentar) dormir.
Muitissimas vezes, eu fingia dormir e depois levantava, fingindo ter acordado de repente, pra ver "Viva o Gordo". Nem sei se meus pais acreditavam mas quase sempre eu conseguia ver um pouquinho de tv antes de ser despachada de volta pra minha cama.
Apanhar também apanhei bastante; de cinta, de chinela e, uma vez, de apagador de (feito de madeira) quadro negro quando meu cerebro se recusava a entender multiplicaçao e divisao por dois numeros.
Muito divertido o seu blog.