Santo Antonio e as minorias

Hoje é dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro. É tudo o que eu sei. Aliás eu sei também que ele leva com ele um bebezinho. E pronto!
Eu cresci no interior de Sao Paulo, e nao precisa dizer que eu era a única criança judia na cidade, por isso nada de Santo Antonio. Nao existem santos na religiao judaica.
Nao é fácil ser minoria. Em época de festas juninas começava o burburinho, as simpatias pros santos todos e eu lógico ficava de fora.
Pra falar bem a verdade eu tinha o maior medo de simpatia. Principalmente essas que envolviam casamento e coisas do tipo.
Mas por outro lado, eu tinha uma baita inveja das minhas amigas que tinham um santo casamenteiro pra recorrer. Era uma idéia bárbara essa, elas nao iam ficar solteiras,porque tinham o Santo Antonio, e eu tinha quem?
Oras bolas eu tinha D-us; mas me dava a impressao de que D-us demorava muito, e até ele entender que eu queria me casar eu já ia ter uns 40 anos, porque D-us nao era especializado nesse assunto.
E ficar pra tia é que eu nao queria. E lá iam todas elas botar nomes na bacia, enfiar a faca na bananeira pra ver a inicial no outro dia, e mais um sem fim de coisas, e eu nao podia fazer nada senao esperar.
Todo mundo tinha uma história genial pra contar, de bebes roubados,de Santos Antonios de ponta cabeça dentro do guarda roupa, e eu nada.
Mas, dancei quadrilha,(nunca fui noivinha e me traumatizei) aprendi as músicas todas, frequentei quermesse, e me casei.
Incrível, sem roubar nenhum santinho e sem fazer nenhuma promessa, mas nao me esqueci do 13 de junho.